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A festa da Jamaica

Camilla Costa | 2012-08-06, 19:30

A moda era prender a bandeira jamaicana nos penteados e turbantes

Há algumas semanas já se anunciava em Brixton, um dos principais redutos de imigrantes (e descendentes) jamaicanos em Londres, o aniversário de 50 anos da independência do país.

No final de semana passado, encontrei no meu metrô (Brixton também é onde moro) uma senhora que lia o programa de uma missa temática, com orações exaltando as belezas naturais do país e até mesmo uma linha do tempo com os momentos políticos, culturais e científicos mais importantes da história jamaicana.

Os jamaicanos que vivem em Londres (que alguns chamam de "a nova babilônia") parecem viver em contato constante e alimentar uma saudade permanente de seu país. É comum vê-los usando as cores da bandeira nacional. Ontem, no dia da festa de verdade, difícil era saber quem ²Ôã´Ç as usava. Estavam nos sapatos, nas roupas, nas bolsas, nos cabelos, nas unhas de todos os que enchiam o centro de Brixton.

Um desavisado que descesse na estação de metrô poderia confundir a festa da Jamaica com um jogo do Brasil, tão grande a quantidade de pessoas usando verde e amarelo, cores que compartilhamos com eles. Mas é diferente (e, devo dizer, mais bonito) no caso dos jamaicanos. Usando as duas cores sobre a cor negra de suas peles, eles ²Ôã´Ç só vestem como completam o símbolo nacional. Os jamaicanos são a sua própria bandeira.

A festa foi animada, com muita comida caribenha, sound systems nas ruas cheias, tocando música eletrônica, reggae, ska, dub e todas as suas variações. Uma feira local trazia camisetas e roupas típicas de diversas regiões do continente africano - Brixton tem um dos principais "shoppings africanos" da cidade.

No palco que ficava na praça principal do bairro, um coral de crianças, também vestidas de verde e amarelo, cantou o que foi anunciado como "a música jamaicana das olimpíadas": Striving for Gold ("Batalhando pelo ouro", em tradução livre), uma canção-tributo aos atletas olímpicos do país.

Era certamente o empurrão que faltava. No mesmo domingo, dois jamaicanos que já haviam aparecido para mim em camisetas, bandeiras e painéis em Brixton, Usain Bolt e Yohan Blake, ganharam o ouro e a prata na prova de atletismo dos 100 metros, uma das mais emocionantes e importantes dos Jogos.

Feliz aniversário, Jamaica.

Um dos muitos painéis de heróis nacionais no bairro

O presente de aniversário já antecipado do país seria a vitória de Bolt e Blake

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