De Copa América à Eurocopa
A tão badalada "supremacia" do futebol latino-americano na Copa do Mundo não durou muito.
Depois de conseguir pela primeira vez na história do Mundial classificar 6 equipes para a segunda fase do torneio, a região foi aos poucos vendo o número de participantes minguar.
Com a eliminação do Chile e México nas oitavas-de-final e as consequentes derrotas de Brasil, Argentina e Paraguai nas quartas, sobrou para o Uruguai a defesa isolada do continente sul-americano.
Nas semi-finais, três equipes europeias espremem os uruguaios. Com a Alemanha enfentrando a Espanha, o futebol europeu garante pelo menos um representante na finalíssima do dia 11, que vai enfrentar o vencedor de Holanda x Uruguai.
Os resultados colocaram por terra as análises apressadas que tentavam explicar a suposta supremacia sobre os europeus.
Teorias diziam que o número recorde de latino-americanos na segunda fase era um reflexo do bom momento econômico por que passa a região, enquanto países como Espanha, Itália, Portugal e Grécia estavam afundados em dívidas e crises.
Outros atribuíam o sucesso no futebol à consolidação da democracia na América do Sul, com governos de centro-esquerda ocupando pelo voto o lugar que tinha sido usurpado por ditadores militares no passado.
Tudo muito bom, mas tudo muito falso.
O Brasil foi tri em 70 debaixo do governo Médici um dos mais violentos da história. A comissão técnica tinha vários militares e era dirigida por um brigadeiro.
A Argentina repetiu a fórmula militar em 78 e levou o primeiro título da sua história. A Itália sob o fascismo de Mussolini levou o caneco em 38 quando a Europa já estava em clima de guerra.
Na verdade, esses times venceram porque eram repletos de craques que fizeram a diferença, equipes formadas e dirigidas por técnicos estrategistas.
E foi aí que nosso time perdeu a Copa da África e que a Argentina dirigida por Maradona também capitulou nas quartas-de-final.
A seleção brasileira foi superada no segundo tempo por uma estratégia eficaz do técnico holandês, Bert van Marwijk. Ele colou os zagueiros em Kaká, Luis Fabiano e Robinho anulando a criação e o poder de fogo da nossa seleção.
Cada jogador brasileiro tinha um ou mais holandês fungando no cangote. Marcação em cima, sem tempo para pensar.
Para complicar, a falha de Julio Cesar no primeiro gol holandês, o erro de marcação no segundo e o descontrole de Felipe Melo diante do crescimento do adversário, facilitaram a tarefa do time da Holanda.
Mas, tudo nasceu da mudança tática feita no intervalo. Nosso time continuou jogando do mesmo jeito e não tivemos resposta à altura. Voltamos para casa de cabeça baixa, derrotados e eliminados.
Usando tática semelhante, o técnico alemão Joachim Loew, exímio estrategista, cuidou primeiro de anular o excelente ataque argentino com uma marcação rigorosa. Messi fez a sua partida mais apagada da Copa. Tinha dificuldade de achar espaço em campo, exatamente o que sobrava para os atacantes alemães.
Sabendo que o setor direito da zaga era o grande ponto fraco do time de Maradona, Loew concentrou por ali as suas baterias.
Não foi por acaso que todos os 4 gols da goleada tiveram origem em jogadas feitas em cima do fraco Otamendi e do regular Demichelis - o zagueiro que falhou regularmente, cometendo pelo menos um grande erro em todas as partidas que disputou.
O Paraguai, a outra seleção sul-americana a enfrentar europeus, até que resisitu mais do que todos esperavam, mas no final acabou prevalecendo o melhor futebol dos espanhóis que souberam manter a bola nos pés.
O time do Uruguai, a seleção sul-americana classificada, foi o único a não enfrentar uma equipe europeia nas quartas.
Todas as 3 eliminações foram fruto exclusivo do futebol, bem jogado e principalmente bem pensado.
Afinal, é preciso mais do que coração, de uma economia bem sucedida e de estabilidade democrática para se conquistar uma Copa do Mundo.
É preciso bons jogadores, trabalho de equipe e ótimos estrategistas, aqueles que sabem ler o jogo e tirar proveito das fraquezas dos adversários.
dzԳáDzDeixe seu comentário
Vai Uruguai!!!
A final será européia, mas todos se lembrarão do fato de que seis equipes sul americanas passaram de fase enquanto Inglaterra, França e Itália voltaram mais cedo.
A lembrança que ficará é que uma equipe precisa ter organização, talentos e equilíbiro emocional para vencer um mundial. Maradona e Dunga foram os mais desequilibrados.
A valorização dos atletas sul americanos foi maior do que os holandeses e alemães.