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Campanhas de prevenção à Aids 'passam longe' da Copa

Maria Luisa Cavalcanti | 2010-06-22, 21:24

Como uma brasileira acostumada às campanhas de prevenção ao HIV do Ministério da Saúde, principalmente na época do Carnaval, imaginava encontrar algo semelhante aqui na África do Sul durante a Copa do Mundo.

Afinal, este é o país com o maior número de pessoas contaminadas pelo vírus da Aids no mundo - 5,7 milhões, segundo a Organização Mundial de Saúde -, e as autoridades esperam a entrada de até 500 mil turistas estrangeiros até o fim do torneio.

Depois de quase 20 dias por aqui, tendo visitado quatro cidades diferentes, o máximo que vi foi um display no terminal doméstico do aeroporto da Cidade do Cabo e um anúncio que a rede estatal de televisão SABC transmite no intervalo de alguns jogos - ambos feitos pela mesma ONG, a Brothers for Life, com uma mensagem incentivando homens a usar preservativos.

A ausência de uma campanha mais visível para a Copa do Mundo não significa que o governo sul-africano não tenha uma preocupação com o problema. Recentemente, as autoridades lançaram a Campanha de Exames e Aconselhamento para Vítimas do HIV. Seu principal foco é o apelo para que os cidadãos façam exames para saber se são ou não portadores do vírus, já que o diagnóstico e o tratamento precoces ajudam a lidar melhor com a doença e evitar seu alastramento.

Mas as ONGs sul-africanas têm reclamado que o Mundial poderia estar sendo melhor utilizado para aumentar a conscientização. Uma das queixas dessas organizações foi contra uma possível proibição da sua atuação em estádios e áreas de telões, os chamados Fan Fests.

Diante das críticas, a Fifa divulgou um comunicado dizendo que autorizaria a distribuição de milhões de camisinhas e material informativo pelas autoridades de saúde nos Fan Fests, além de exibir anúncios sobre prevenção e tratamento da Aids nos telões, entre um jogo e outro.

Esses locais, no entanto, passam boa parte do dia vazios, e, para as ONGs, a solução da Fifa não pareceu ser suficiente.

"O entretenimento é uma das melhores plataformas para criar conscientização. Mas essas mensagens de incentivo ao sexo seguro deveriam também ser exibidas nos estádios", disse à 鶹 Brasil Nokhwezi Hoboyi, da ONG Treatment Action Campaign (TAC), cujo trabalho já foi elogiado pela Unaids (Agência da ONU para a Aids). "No show de abertura da Copa, que reuniu 60 mil pessoas, não houve nenhuma mensagem sobre a Aids."

As críticas também se direcionam à falta de uma coordenação maior entre todos os setores da sociedade sul-africana com interesse em lutar contra a doença.

"O governo, a Fifa, as entidades civis, as igrejas, os líderes comunitários - todo mundo tem um papel no combate à Aids e deveria ter se sentado à mesma mesa para decidir como atuar durante o Mundial", explicou o reverendo Nelis du Toit, diretor do Christian Aids Bureau of South Africa (CABSA).

Será essa uma lição para o Brasil em 2014?

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