Soweto vê o Brasil jogar
"Não foi ele quem deu um tapa no Bebeto?", pergunta Nelson, um sul-africano que assiste comigo ao jogo do Brasil contra o Egito, na estreia da Seleção na Copa das Confederações.
Nelson se refere a Dunga, e não acredita quando digo que o episódio da Copa de 1998 não foi um tapa - no máximo, uma leve cabeçada. "Foi um tapa sim, hahaha, esse cara é bravo", diz ele.
Estamos em Soweto, bairro de Johanesburgo famoso pela pobreza e por simbolizar como nenhum outro a luta contra o apartheid. No pequeno bar, umas dez pessoas assistem à partida.
"Não é mal para uma tarde de segunda-feira, quando todos estão trabalhando", diz ele, se referindo ao número de pessoas vendo o jogo. Nelson e seu amigo Kutlwano torcem animadamente pelo Brasil e dizem que o placar, então 3 a 1 para o time de Dunga, é prelúdio de um massacre inevitável.
"Os egípcios não têm a menor chance, eles mesmos sabem disso", diz Kutlwano. Eu pergunto o porquê da admiração.
"Por causa do futebol, claro! Ninguém joga tão bem tão consistentemente. E não foi apenas o Pelé, que nunca vi jogar. Adoro o Rivaldo, Ronaldo, Kaká, Robinho e aquele camisa 11, Romário", diz Kutlwano.
"Mas acima de todos, o melhor foi Ronaldinho. Podem dizer que ele está mal, mas o que ele fez eu nunca vi nenhum outro fazer. O Brasil vai ser sempre o melhor..."
Kutlwano - e o mundo todo, aparentemente - é interrompido por um gol egípcio. E outro.
Nesta altura, o bar, grita, bate nas mesas e aplaude fervorosamente a seleção campeã africana, que arranca à pressas o empate.
O jogo muda de história, e os aguerridos egípcios chegam por vezes a parecer mais perto da vitória do que os brasileiros. Ninguém desgruda os olhos da TV.
Ao final, os sul-africanos soltam o riso ao ver o gesto infantil do jogador do Egito que mete o braço para evitar um gol certo brasileiro. Após a conversão do pênalti por Kaká e o apito final que sela a vitória do Brasil por 4 a 3, Kutlwano diz:
"É por isso que, em toda a África do Sul, a garotada chega a preferir usar a camisa do Brasil do que a da nossa própria seleção. Sete gols em um jogo! O Brasil é sempre divertido", diz.
dzԳáDzDeixe seu comentário
A seleção brasileira entrou em campo achando que ia ser facil jogar contra o egito, entrou de sapato alto, mais quebrou a cara, foi bom, para eles verem que não existe mais seleção boba, eu duvido que o proximo jogo eles relaxem!!!