O conquistador europeu
Rumores da ida de Keirrisson para a Juventus e de Chicão ao Benfica. Estas transferências podem até não se concretizar, mas sinalizam o início iminente de outra temporada de pilhagem internacional.
E o nosso futebol, como uma donzela a ser entregue a corsários ou um Tibete sem exército, se prepara para ser novamente diminuído enquanto ostenta um estranho sorriso de poliana orgulhosa, que descobre sempre novas maneiras de apreciar o estupro.
Afinal, pensem, todos ganham. Clubes, jogadores, empresários, atravessadores e torcedores. Os estrangeiros, claro, especialmente os europeus que se acostumam a devorar o talento vindo de partes mais pobres com a voracidade de glutões impacientes. E o torcedor no Brasil?
Este esqueceu como ter vínculos mais aprofundados. Não acredita mais no casamento. Aprendeu a viver de namoricos curtos. E tem o consolo de ver seu antigo caso de amor, quase nunca amadurecido, mas interrompido à pressas quando era ainda futuro promissor, brilhar do outro lado do oceano, mais rico, beijando outro escudo. A felicidade agridoce de pensar que todos os gols da final da UEFA foram brasileiros.
O que fazer? Virarmos todos torcedores do Real Madrid ou fãs do Totti? Realmente não sei. Há alguns anos pedi ao doutor Sócrates que se imaginasse surgindo hoje para o futebol, sendo como era nos anos 70, tão superior aos seus colegas. Perguntei se a adaptação dele ao futebol europeu seria desta vez tão inevitável como parece ser a de todo e qualquer bom jogador. Ele respondeu na lata: "nunca. Sou brasileiro e amo viver aqui, não se compra a minha felicidade".
E até não muito tempo atrás este negócio de se adaptar à Europa não era para qualquer um, vide Didi, Jairzinho, Roberto Dinamite, o próprio doutor, Viola e Marcelinho.
Mas hoje, um Adriano levanta todo tipo de suspeita quando diz ao mundo que não quer passar outro ano longe da sua cidade e dos seus. Como se nossa auto-estima fosse tão baixa a ponto de desconfiar quando alguém diz que escolhe ficar aqui por opção e não por falta dela.
Enquanto isso, eu continuo torcendo para que surjam outros Marcos e Rogério Cenis para tornar nossas vidas melhores.
dzԳáDzDeixe seu comentário
perfeita a definiçao. vivemos de namoricos curtos e, ainda usnado a metafora, ficamos felizes ao saber que nossa bela ex-namorada agora namora um cara bem resolvido. isso em certos pontos aumenta nossa alegria, por mais masoquista que possa ser essa definiçao. acredito que esse panorama nao é apenas brasileiro, mas dentro dos continentes europeu e africano tambem aconteça isso. por isso acho dificil que haja outros Marcos, RC, Totti ou abnegados que passam a carreira toda no mesmo time. devemos apenas nos contentar com os "restos", que nao dao certo nos maiores mercados e voltam pra ca com status de craques.
E diziam que esse ano seria diferente, que a crise ajudaria o Brasil a segurar seus craques. Ledo engano.
Viveremos o "mais do mesmo". O Brasileirão começa com bons times e vai terminar...
Bem faz o Inter, que desde já, vai garantindo seus pontos e pode, com toda justiça, ser o campeão brasileiro desse ano.
Abraço, Rodrigo!
Eh a dura realidade do futebol brasileiro...os jovens e bons vao e os velhos em fim de carreira vem nos enganar...
Rodrigo, vc tem toda razão.Aos 57 anos de vida chegando dia 30 próximo aos 58, já vi muita coisa como torcedor, com Árbitro de Futebol (sem ser famosa na TV). Vivemos nestes "FEUDOS" financeiros desta Terra, nas propriedades de Ricardos e demais Dirigentes de Clubes. Bastava a estes colocarem multas rescisórias de milhões de euros, valor de passes para Europa e outros em Milhões de Euros para pelo menos dificultar a venda de nossos valores jovens.E aqui estes Clubes( com raras excessões) vivem na penúria.Na há punição para Dirigentes corruptos e não há limite para n/perdas.Triste!
Hum... Rodrigo, eu não sei. A profissionalização do futebol trouxe isso, a capacidade dos jogadores de irem trabalhar onde melhor lhes pagarem. ASsim como qualquer outro profissional. Achei bacana seu texto quando comparou a relação com os jogadores como namoricos. No entanto, acho que a relação de amor e casamento é com o time, bem ao estilo o que deus uniu o homem não separa. E ainda que o time vá mal, nos trate mal, seja rebaixado, continuamos ao lado, na felicidade e na tristeza, na saúde e na doença. E até o próximo campeonato, com os próximos jogadores e técnicos. Mas cantando o mesmo hino.