A final milionária
Para não correr o risco de ter problemas com o possÃvel agravamento da crise aérea na Europa causada pelas cinzas do vulcão Grimsvotn, a delegação do Barcelona resolveu antecipar a viagem para Londres, onde o time disputa no sábado a final da Champions League contra o Manchester United.
Ano passado, para primeira partida da semi-final contra a Internazionale, os espanhóis tiveram que viajar de ônibus de Barcelona a Milão, pois a erupção de um outro vulcão islandês praticamente paralisou todo o tráfego aéreo no continente europeu.
Desta vez o técnico Pep Guardiola não quer correr o risco de atrapalhar a concentração do time. Em 2010, o Barcelona perdeu o jogo de ida por 3 a 1, o que acabou sendo fundamental para a eliminação da equipe catalã.
Concentração também parece ser a maior preocupação do técnico do Manchester United, Alex Ferguson para a final de sábado.
Ele disse que o time não pode repetir o erro da final de 2009, em Roma, quando perdeu por 2 a 0 para o mesmo Barcelona, com gols de Samuel Eto´o e Lionel Messi.
Ferguson acredita que seu time se confudiu na marcação de Messi quando ele voltava para defender, e acabou dando muita liberdade ao argentino.
"Nesta partida temos que nos concentrar naquilo que fazemos bem que é defender e atacar com a mesma eficiência."
O Barcelona é considerado o time que melhor executa a marcação desde o ataque, fazendo disso um dos pontos mais fortes do esquema de Guardiola. Pelo visto, Alex Ferguson tem alguma estratégia em mente para tentar complicar a vida dos catalães.
Na verdade os dois times têm nÃveis de eficiência e ofensividade bem semlhantes. Em números, eles chegam praticamente iguais à final, com uma pequena vantagem para o Barcelona, que pode ser confirmada por um ligeiro favoritismo, de acordo com a cotação das casas de apostas de Londres, provavelmente pela melhor campanha nesta temporada.
Os dois conquistaram o campeonato em seus paÃses e perderam a Copa nacional. Nas 38 partidas do campeonato espanhol, o Barcelona conseguiu acumular 96 pontos ganhos, resultado de 30 vitórias, 6 empates e apenas 2 derrotas. A equipe marcou 95 gols e sofreu 21.
Em idênticos 38 jogos disputados pelo campeonato inglês, o Manchester United venceu 23, empatou 11 e perdeu 4 vezes. O time de Ferguson marcou 78 gols e sofreu 37.
Messi foi o artilheiro do Barcelona na temporada tendo marcado 31 gols apenas no campeonato espanhol, o que o deixou atrás de Cristiano Ronaldo do Real Madrid que marcou 41 vezes.
Pelo Manchester, o búlgado Dimitar Berbatov, acabou dividindo a liderança da artilharia do campeonato com o argentino Carlos Tévez, do rival Manchester City.
Outra semelhança é o programa de revelação de craques dos dois clubes. Tanto Manchester United quanto Barcelona economizam e lucram milhões com a revelação e promoção de talentos (veja infográfico abaixo).
Os exemplos são muitos: Beckham, Scholes, Giggs, Neville, Brown, Evans, O´Shea, Xavi, Iniesta, Valdés, Pedro, Puyol, Busquets, Messi, Bojan e Thiago, são alguns deles.
O sucesso no campo acaba se transformando em sucesso financeiro colocando Man United e Barcelona no topo das listas dos clubes mais ricos do mundo. No infográfico pode se ter uma ideia dos números envolvidos.
Não importa o ângulo usado para analisar a campanha e o sucesso dos dois times. Todos eles nos levam a acreditar que no sábado assistiremos a um jogão de futebol.
Só espero que a glória e o prêmio dado pela Uefa pelo tÃtulo do torneio interclubes com mais prestÃgio, maior audiência de TV, maior público nos estádios e mais rentável do mundo, não acabem fazendo os técnicos abrirem mão da ofensividade e se trancarem numa retranca que enfeia o jogo e empobrece o futebol.