Sucesso sul-americano não é tão surpreendente
Por todo lugar que vou na África do Sul, assim que descobrem que sou brasileiro, me perguntam qual é o motivo do sucesso dos times sul-americanos. Para todos é um mistério. Como pode que dos oito times nas quartas-de-final, metade são do subcontinente, que para europeus e africanos passava por décadas de decadência?
Respondo sempre que para mim não é surpresa. Os clubes sul-americanos de fato ainda são fracos se comparados com o milionário futebol europeu, mas a qualidade dos jogadores nunca baixou ao longo dos anos.
Acho também que muitos europeus nunca perceberam que as equipes sul-americanas que foram à Copa nesta vez são melhores do que a de anos passados. Argentina, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai são as equipes mais tradicionais da região. Os clubes destes países costumam ser os mais "copeiros" da América do Sul. Além das cinco, eu colocaria ainda a Colômbia na lista de excelência da região.
Ao contrário de Bolívia, Equador e Peru, as classificadas de agora nunca precisaram de artifícios como a altitude para chegarem à Copa. Em 1994, a Bolívia, que ganhou tantas partidas em La Paz, foi eliminada e humilhada logo na primeira fase do torneio.
As cinco equipes sul-americanas que foram à Copa desta vez classificaram-se por terem bons times. É quase natural que com um mínimo de qualidade sejam tão competitivas quanto várias seleções europeias.
Se há alguma surpresa nessa Copa, talvez seja o fraco desempenho das seleções europeias, que parecem não conseguir jogar bem longe do seu continente.