Campeã teve ataque ruim e defesa boa
Muito se louvou a habilidade dos jogadores da Espanha e seu potencial ofensivo. Mas no final das contas, os espanhóis ganharam a Copa graças à sua defesa, a terceira melhor da Copa, à frente apenas de Portugal e SuÃça.
Na frente, os espanhóis foram decepcionantes. Se David Villa foi um dos artilheiros do Mundial, o atacante Fernando Torres foi uma decepção. Foram apenas oito gols marcados, em sete partidas, uma média que beira um gol por jogo.
De todas as semifinalistas, a Espanha teve o pior ataque. Até Brasil e Argentina, que jogaram duas partidas a menos, marcaram mais gols do que os espanhóis.
Nada disso tira o mérito dos espanhóis, que foram indiscutivelmente os melhores da Copa. Todos esses números só servem para mostrar que a Espanha nunca esteve perto de perder suas partidas decisivas. Também os poucos gols foram bem distribuÃdos ao longo das partidas. Só contra a SuÃça, na estreia, que os espanhóis deixaram de marcar.
Quem esperava que a Espanha fosse consagrar o estilo do Barcelona nesta Copa do Mundo talvez tenha ficado um pouco decepcionado com o que viu. O Barcelona joga mais no estilo "ataque total", com chute atrás de chute e drible atrás de drible.
Como o Barcelona, a Espanha tinha muita facilidade de chegar ao ataque. Inclusive, foi a equipe que mais chegou ao ataque na Copa, um total de 107 vezes, muito mais do que a Alemanha, segunda colocada no quesito, com 91.
A Espanha também lidera outras estatÃsticas de ofensividade, como o número de chutes a gol (121 contra 102 de Uruguai e Alemanha) , número de passes (impressionantes 3.803 contra 2.865, da segunda colocada Alemanha) e percentual de passes certos (80%, contra 79% do Brasil).
Mas toda essa competência para chegar à frente e domÃnio dos jogos produziram apenas resultados apertados, com vitórias magras. A Espanha era a equipe do passe preciso e do toque lateral, mas com um jogo tedioso e sem grandes lances. Quase todas as partidas da Espanha nesta Copa podem ser rapidamente esquecidas após o Mundial.
A final talvez seja a única partida que se destaca, quando a Espanha mais fugiu das suas caracterÃsticas comuns nesta Copa.
Contra a Holanda, os espanhóis estavam mais ansiosos para ganhar o jogo, e arriscaram mais lançamentos longos, chutes a gol e bolas atrás da linha da defesa holandesa. Seus jogadores não se intimidaram com a violência da Holanda e buscaram o gol todo o tempo, nunca se contentando com o empate.
A Espanha também deixou o adversário jogar, proporcionando oportunidades incrÃveis à Holanda, que poderia ter saÃdo de campo com a vitória. Mesmo sem gols no tempo normal, a final teve seus bons momentos.
Opiniões à parte, a Espanha conquistou a sua primeira Copa, que serve um pouco de reparação pela grande contribuição dos espanhóis ao futebol mundial. E o time tem uma base razoavelmente jovem, com condições de defender seu tÃtulo daqui a quatro anos, no Brasil.