Eficiência não é o fim do futebol-arte
"Eu prefiro jogar mal e ganhar do que jogar bonito e perder."
A frase acima não é minha; ela é do goleiro da seleção, Júlio César. Na entrevista que deu aos jornalistas nesta sexta-feira, Júlio César disse que o futebol arte, como o do passado, já não existe mais do mesmo jeito.
"Esse futebol arte que todo mundo tanto pede, com a evolução do futebol, acabou sendo deixado um pouco de lado", disse o goleiro. "Futebol hoje é muita eficiência."
Ele ainda disse: "Posso tomar cinco gols, mas se meu ataque fizer seis, eu estou feliz."
As declarações não surpreendem, se pensarmos que Júlio César joga na Inter de Milão de José Mourinho, que é hoje o "papa" do futebol de eficiência. E que eficiência! A Inter ganhou tudo que jogou neste ano e passou por adversário dificÃlimos, como Chelsea, Barcelona e Bayern de Munique. A sólida defesa e o rápido contra-ataque foram as chaves da eficiência da Inter.
Talvez Júlio César esteja certo ao falar que o futebol arte já não é mais o mesmo. Mas discordo da suposição de que "jogar mal e ganhar" é sinônimo de eficiência. Há muita beleza também no futebol de eficiência e em times que defendem melhor do que atacam.
A Inter de Milão protagonizou partidas excelentes neste ano, como os jogos contra o Barcelona, na Liga dos Campeões, e o Milan, no Campeonato Italiano. Na minha opinião, o lance mais bonito do futebol europeu neste ano foi a defesa maravilhosa de Júlio César após um chute de Messi, na partida decisiva contra o Barcelona na Liga dos Campeões. Outro lance incrÃvel foi a defesa do mesmo goleiro na final do torneio após conclusão de Robben, do Bayern de Munique.
Uma defesa de Júlio César ou um desarme bem feito de Lúcio, para mim, podem ser tão bonitos quanto um gol de Luis Fabiano ou um drible de Kaká. Quando o Brasil jogar contra a Costa do Marfim, no dia 20, espero muito ver a repetição do duelo entre Lúcio e Drogba - a exemplo do que aconteceu nas oitavas-de-final da Liga dos Campeões.
Se o futebol de eficiência que substituiu o futebol arte significa competência na zaga, com defesas bonitas e desarmes bem-feitos, então sou um dos convertidos ao tal estilo.
°ä´Ç³¾±ð²Ô³Ùá°ù¾±´Ç²õDeixe seu comentário
Daniel, concordo com seu ponto de vista. Às vezes parece que só valorizamos aqueles que perderam com a camisa canarinho! Bom trabalho para você!
O Júlio César tinha que ganhar o tÃtulo de melhor jogador do mundo nesse ano. Sério.
Daniel, bem pertinente o post, mas permita-me esclarecer um ponto. Eficiência e eficácia são duas coisas distintas. Quando diz que o time da Inter foi eficiente ao ganhar tudo que disputou na verdade foi EFICAZ. A eficiência trata do processo, o andamento, se tá sendo bem feito, já a eficácia é resultado, é o final. Sendo assim, se o time ganhou tudo que disputou (independente se jogou bem ou mal) o time foi eficaz.
Um exemplo de time eficiente é o barcelona, que mantém a bola nos pés na maior parte dos seus jogos (vide posse de bola contra a Inter de Milão na semi da UCL).
Porém, ao falar que o time da Inter foi eficiente contra o barça, concordo. Foi eficiente defensivamente, desarmando as bolas e mantendo longe o perigo. Por outro lado o barça foi eficiente, manteve a bola em seus pés, mas não foi eficaz - não conseguiu transformar sua eficiencia em gols.
Espero ter esclarecido :)
Confesso que entendi esse conceito há pouco, é um erro comum de nós brasileiros.
´¡µþ¸é´¡Ã‡°¿!