O momento da África do Sul
"A África do Sul vai vencer o Brasil por 7x0. Os brasileiros não são muito bons", diz a garçonete em Johanesburgo, antes de esparramar a risada farta pelo ar.
Ela sabe que eu sei que ela está brincando. Mas, chega uma hora em que você tem que se perguntar: o que é o futebol além de uma enorme brincadeira de adultos?
Claro que não é só isso. É negócio seríssimo, riquíssimo e, para muita gente, emburradíssimo também. Coloco, nessa última categoria, os hooligans e os pragmáticos do futebol força, entre outros. Nada a ver com a África do Sul.
Aqui, durante essa Copa das Confederações, o futebol tem sido uma festa. E a festa tem sido boa porque é perceptível o esfoço tanto de organização como do público para que ela assim seja.
Todos sabemos que o torneio é um ensaio para detectar eventuais problemas e resolvê-los até o Mundial.
Ocorre que, quase na reta final da competição, os problemas surgidos aqui são menores do que o previsto.
É preciso, por exemplo, melhorar o sistema de escoamento do público após as partidas e algumas cidades-sede necessitam ampliar sua rede hoteleira para receber o número previsto de torcedores e profissionais de imprensa.
Mas não se ouviu falar de incidentes que explicitam incompetência crônica ou a alta taxa de criminalidade. Nesse último assunto, vi que nos últimos dois dias vêm aumentando as manchetes na linha de que "criminalidade pode manchar Copa das Confederações".
Elas se referem a dois incidentes, a nebulosa história dos jogadores egípcios e o do integrante da comissão técnica brasileira que dizem ter sido furtados em seus hotéis.
Um porta-voz da polícia veio a público na segunda-feira pedir para que esses incidentes sejam julgados apenas como eventos isolados que são e não amplificados a ponto de gerar uma onda de pânico irracional, com danos para a reputação da África do Sul como país organizador.
Porque o país já começou essa história toda sob uma desconfiança generalizada.
Ainda na segunda-feira, cruzei com Neto, ex-Corinthians e atualmente Band, em um banco de Johanesburgo. Ele se dizia surpreso com a vontade de agradar dos sul-africanos e chegava a temer que isso pudesse comprometer algum aspecto de segurança ou organizacional da Copa de 2010.
Pode ser que sim. Mas talvez seja melhor julgar os sul-africanos pelos resultados concretos do que por previsões.
Porque, como bem sabe a garçonete do início do post, se é para tentar prever o futuro, que pelo menos ele seja pintado por nossas mentes como algo inspirador. Uma goleada sobre o Brasil, por exemplo.
Se não, afinal de contas, a brincadeira perde a graça.
dzԳáDzDeixe seu comentário
Oi Rodrigo, vamos ver se o Sr. Antonio Carlos Nunes de Lima, que deu entrevista para o globoesporte.com tem tempo de ler seu artigo... para ele a África do Sul está em pé de guerra e tem até toque de recolher à 6h da tarde.